Capítulo 102_Briga no estacionamento

   Luan chega na garagem, tentando organizar seus pensamentos. Para um pouco, depois começa a andar novamente.
Luan: Como ela pôde? Como eu fui idiota.

   Bia chega ao estacionamento alguns minutos depois e vê Luan andando devagar rumo a saída do seu prédio. Ela o chama, ele fingi que não ouve, então chama mais uma vez.

Bia: Luan, espera, deixa...
   Nesse momento ele se vira:
Luan: Deixa o quê? Você explicar que tava com outro?
Bia: Luan, era..
   Luan começa a gritar:
Luan: CALA A BOCA, BEATRIZ! EU NÃO QUERO OUVIR SUA VOZ, NEM SUAS EXPLICAÇÕES, MUITO MENOS AS SUAS DESCULPAS... EU SOU UM IDIOTA.
   Ele olha no pescoço de Bia e dá as costas. Bia fica, alguns minutos, sem reação, até que tenta falar alguma coisa, mas Luan já tinha saído.

   Well está no carro. Quando vê Luan se aproximando, desce:
Well: Por que você não ligou? Eu tinha pedido para o porteiro para me deixar entrar.
Luan: Vamos embora.
Well: Mas e a Bia?
Luan: Vamos embora, você não entendeu? Agora.
Well: Tá.

   Quando Well está saindo, vê Bia na porta do prédio. Ele teve a impressão que ela vinha em direção do carro. Ele ia parar mas Luan não deixou. Nunca tinha visto Luan agir daquela maneira. Ele ainda conseguiu ver Bia pelo retrovisor e viu quando um homem se aproximou dela. Os dois estavam de pijama.

   Daniel chega no estacionamento e vê Bia chorando:
Daniel: Dá pra você me explicar o que tá acontecendo aqui?
Bia: Pai, ele não quis me ouvir.
Daniel: Ele quem?
Bia: O Luan, pai, ele não deixou eu explicar. Ele entendeu tudo errado.
Daniel: Calma, Beatriz, eu não tô entendendo nada. Acho melhor a gente subir, você percebeu que você ainda tá de pijama?

   Bia não tinha reparado mas começaram a aparecer alguns moradores. Daniel sai abraçado com ela até o elevador. Bia só sabia chorar, Daniel continuava sem entender nada. Chegou no apartamento de Bia e deixou ela sentada na sala e foi pegar papel para ela enxugar o rosto.

Daniel: Toma aqui, filha, agora dá pra você me explicar o que aconteceu? (Fala isso entregando o papel pra ela.)
Bia: Cadê meu telefone?
Daniel: O quê?
Bia: Meu telefone, pai...
Daniel: Não sei, deve estar no seu quarto...
   Bia vai levantando, indo em direção ao seu quarto, quando:
Daniel: Eu quero saber o que está acontecendo aqui, Beatriz, você me deve uma explicação.
Bia: Depois, pai.
   Ela vai até seu quarto e pega o celular e começa a ligar para o Luan.

Enquanto isso:
Well: Não vai atender?
Luan: Não...
Well: O que tá acontecendo, Luan? Você foi ver a Bia e volta desse jeito. Não me diga que vocês brigaram de novo.
Luan: Eu não quero mais ouvir o nome dessa garota. Pra mim ela morreu, entendeu?
   O telefone dele não parava de tocar, até que ele desligou. Passado alguns minutos, o do Well começa a tocar, ele ia atender mas Luan pega da mão dele.
Well: Ei, meu telefone...
Luan: Não é pra atender, você está dirigindo.
Well: Eu não ia atender, eu só ia ver quem é.
Luan: Quem você acha que é? Sua amiguinha. (Fala isso em tom irônico, virando o celular para o Well.) Você está proibido de atender qualquer ligação dessa garota. (Luan fala isso abrindo o celular do Well e tirando o chip.)
Well: Ei, esse celular é meu. O que deu em você?
Luan: Depois eu mando a Dagmar providenciar outro pra você.
   Well resolveu ficar quieto, afinal de contas, Luan era seu chefe. Não tinha a menor ideia do que tinha acontecido, mas o que fosse tinha tirado ele do sério.
   Eles chegam no hotel, Luan desce do carro e vai direto para seu quarto.
Bia: Ele não atende.
Daniel: Bia... (Segura a mão dela e pega o celular da sua mão.) Ei, se acalma, senta. Eu quero saber o que tá acontecendo aqui. (Fala isso dando o cartão que estava no buquê pra Bia.) Quem é ele?
Bia: Eu não sei por onde começar...
Daniel: Pelo começo, quem é Luan?
Bia: Meu namorado.
Daniel: E como ele entrou aqui?
   Bia respirou fundo. Lá vinha mais um problema: ter que explicar a seu pai toda aquela situação.
Bia: Ele tem a chave.
Daniel: Como assim ele tem a chave? Você perdeu o juízo, Beatriz? Você mal conhece esse cara e ele já tem a chave do seu apartamento.
Bia: Pai, não começa, já não basta todo esse rolo que deu? Ele acha que eu tenho um caso com você.
Daniel: Por culpa sua, ele não tinha que ter a chave daqui. Você é uma irresponsável.
Bia: Eu mereço. Eu não acredito que isso tá acontecendo...
Daniel: Vamos, tá na hora de me contar tudo. Desde o começo, tô esperando e sem enrolação, onde você conheceu esse garoto?
Bia: Pai, eu fui em um show aqui em São Paulo e acabei encontrando ele lá, depois começamos a conversar por telefone, aí começamos a namorar. Depois ele me levou para conhecer a família dele.
Daniel: Isso não explica por que ele tem a chave daqui. Ele não tá morando aqui, né?
Bia: Daniel... eu fiz isso para evitar tumulto.
Daniel: Que tipo de tumulto? Igual aquele que eu vi lá embaixo hoje?
Bia: Não, pai. Você não faz a menor ideia de quem a gente tá falando, né?
Daniel: Não, esclareça-me, por favor.
Bia: Dá pra você para de ironia? Pai, eu tô namorando o Luan Santana. Eu dei a chave do meu apartamento para que ele pudesse entrar direto e não ter que ficar esperando lá embaixo, para evitar tumulto. Nós ainda não tínhamos assumido o namoro publicamente.
Daniel: Como você é ingênua, Beatriz, esse garoto não assume ninguém. Você acha que ele vai assumir você? Ele tava querendo uma desculpa pra terminar com você, o que aconteceu aqui hoje foi a desculpa que ele queria.
Bia: O senhor não sabe o que está falando.
Daniel: Posso não saber o que estou falando, mas sei muito bem como esses garotos pensam. Eu achava que você era mais esperta.
   Beatriz perdeu a paciência:
Bia: Sai daqui, Daniel, sai.
Daniel: Olha como você fala comigo, Beatriz...
Bia: Por quê? Por que você é meu pai? Me desculpa, mas você está 17 anos atrasado...
Daniel: Não por culpa minha e sim pela a irresponsável da sua mãe.
Bia: O senhor não tem o direito, eu não admito. Sai daqui.
   Daniel ia falar alguma coisa.
Bia: Sai daqui, ou senhor prefere que eu saia?
   Daniel sai batendo a porta, vai até seu quarto, troca de roupa, pega a chave do carro e sai.

   Já no hotel, Luan entra no quarto:
Luan: Idiota, imbecil. Como ela pôde? Eu caí igual um idiota.

   Ele liga o celular e ele começa a tocar novamente. Sem pensar duas vezes, ele pega o celular e joga na parede. O celular não foi a única coisa que ele jogou, começou a jogar o que achava na frente. Nesse momento, Well chega na porta de seu quarto e ouve o barulho. Em seguida, a Dagmar:

Dagmar: O que tá acontecendo aqui?
Well: Eu não sei.
   Dagmar abre a porta e vê Luan jogando tudo o que encontra na frente.
Dagmar: Você perdeu o juízo, Luan?
Luan: Sai daqui.
Dagmar: Mas, Luan...
Luan: Sai daqui, Dagmar.
   Dagmar sai e fecha a porta:
Dagmar: Tenta controlar ele, eu vou chamar o Anderson.
Well: Tá. (Ele entra no quarto e antes que pudesse evitar vê Luan dando um murro em um espelho e acaba cortando a mão.) Ei... se acalma...(Segura o Luan e leva ele até a cama, o fazendo sentar.)
Luan: Por que ela fez isso comigo? Ela não tinha o direito.
Well: Fica aqui, eu vou pegar uma toalha.
   Well volta do banheiro com uma toalha e enrola a mão do Luan. Nesse momento Anderson entra e se depara com o quarto todo quebrado.
Anderson: Luan, mas o que aconteceu aqui? (E vê o Luan todo sujo de sangue.) Você se machucou?
Well: Ele cortou a mão, não dá pra saber se foi muito profundo.
Anderson: Vamos para o hospital.
Luan: Não precisa, eu tô legal.
Anderson: Você andou bebendo, garoto? Vamos agora. Dagmar dá um jeito nisso aqui, com todo esse tumulto daqui a pouco a imprensa vai tá toda aqui. Não era pra você estar com sua namorada agora?
Luan: Que namorada? (E dá um sorriso irônico.)
Dagmar: Vai logo, eu dou um jeito aqui, qualquer coisa me liga.

   Dagmar pediu para o gerente do hotel mandar alguém para arrumar aquela bagunça, e falou que eles arcariam com o prejuízo. E pediu que aquilo não vazasse para imprensa. Apesar de já ser tarde demais, a imprensa em poucos minutos já estava na frente do hotel.

Repórter: Estamos aqui na frente do hotel (nome do hotel), tivemos a informação que houve uma confusão no quarto do cantor Luan Santana. Não sabemos ainda o que aconteceu, só sabemos que o cantor foi socorrido para um hospital próximo. A assessora de imprensa do cantor, Dagmar, ainda não se manifestou sobre o ocorrido e nem o hotel.

   Dagmar deixou o hotel sem falar com a imprensa e foi direto para o hospital. Como já era de se imaginar, já estava cheio de repórteres e fãs na frente do hospital. Chegando lá, ela vai conversar com o Anderson:

Dagmar: O que aconteceu?
Anderson: Eu não faço a menor ideia, ele não toca no assunto, a única coisa que ele falou é que não quer ouvir ninguém falar no nome da Beatriz ou que entrem em contato com ela, estão todos estritamente proibidos.
Dagmar: E o Well não sabe o que aconteceu?
Anderson: Ele disse que não, que deixou o Luan no apartamento dela e alguns minutos depois ele desceu, querendo ir embora, muito nervoso e dizendo coisas sem sentido.
Dagmar: O que essa garota aprontou?
Anderson: Não faço a menor ideia. Você já falou com a imprensa?
Dagmar: Não, vou lá agora. (Dagmar explicou para o Anderson o que iria falar e depois saiu em direção onde estavam os repórteres e fãs.)
Dagmar:  Eu não vou responder perguntas, só vou explicar o que aconteceu. O Luan acabou caindo e se machucando no quarto do hotel. Ele cortou a mão, não foi nada grave. Ele teve que levar alguns pontos. Como esse fim de semana ele não tem nenhum compromisso, ele está indo para Londrina ficar com sua família. O que aconteceu não irá interferir em sua agenda de shows, as fãs podem ficar tranquilas.
   Dagmar ia dando as costas quando um repórter pergunta: Nós tivemos a informação de que ele tinha quebrado o quarto de hotel em um acesso de fúria, é verdade?
Dagmar: Não sei de onde você tirou essa informação, mas aqui todos conhecem a índole dele, essa informação não procede. Obrigada a todos. (e sai).